Em meu artigo "Quando o fim da Alegria é tristeza", publicado no Portal Comunica AM de 21 de fevereiro de 2020, havia alertado sobre a tragédia social e espiritual que o Carnaval é para a nossa nação e que, lamentavelmente, a 4a feira de cinzas, nos reservaria os resíduos dos "caminhos de morte", "da dor" e "da tristeza". Enfim, pela irresponsabilidade dos prefeitos e governadores, a farra carnavalesca escancarou as porteiras do Brasil para turistas de todo o mundo. Assim, vimos que, a partir daquela semana, começaram os anúncios dos primeiros casos suspeitos de Covid-19. Passados 40 dias, temos a triste estatística de 19.638 contágios e 1.057 óbitos no Brasil. São mais de 100.000 mortes em todo o mundo e 1,65 milhão de infectados, segundo o Jornal El País de 10 de abril 2020. Estamos vivendo sob o regime da quarentena, do isolamento social, da reclusão, uma controversa medida que parece ser o caminho menos pior para amenizar a proliferação do novo corona vírus.
Lembrei-me do povo de Israel, escravo no Egito, debaixo do jugo de Faraó. Deus já havia provido um libertador e ordenado a saída de seu povo para adorá-lo livremente. Porém, ainda era necessário o derramar da ira divina sobre a incredulidade faraônica. Após 9 pragas, viria a décima: a passagem de uma terrível mortandade que feriria a todos os primogênitos do Egito. Os Israelitas deveriam preparar uma refeição com um cordeiro e passar o seu sangue no umbrais das portas e janelas de suas casas. Aquela refeição não tinham uma ar de confraternização, pois, "...naquela noite, comerão a carne assada no fogo, com pães sem fermento e ervas amargas." (Ex 12.8). Famílias estavam aflitas e ansiosas. Será que a nossa obediência às instruções guardará os nossos primogênitos com vida? Será que Deus nos livrará definitivamente das mãos de Faraó? Eles nem imaginavam que estavam vivendo uma tipologia profética para a grande salvação de Deus para a humanidade: Jesus Cristo, nossa páscoa, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Assim, a nossa Páscoa que sempre teve o glamour dos ovos de chocolate, das confraternizações em família, da alegria das cantatas nas Igrejas e das emocionantes encenações da paixão de Cristo pelas praças de nossas cidades, está sendo marcada por uma nuvem de incertezas econômicas e científicas, embates políticos e sensacionalismo midiático, que ofuscam a importância vital desde momento que implica no fortalecimento de nossa fé e esperança e em nossa salvação eterna. Diante da complexidade do problema e impotência das autoridades mundias em lidar com a pandemia do Covid-19, e face a atual desesperança social, emocional e espiritual que estamos vivendo, lembrei dos debates teológicos sobre "os ovos e o coelho da páscoa como elementos pagãos" ou do "perigo do movimento judaizante fermentando da páscoa cristã", e me senti envergonhado, perdendo tempo com temas tão superficiais que servem apenas para as nossas quatro paredes eclesiásticas (que inclusive nem as temos neste momento!).
E pensei neste momento em que estamos dentro de casa, esperando o "anjo da morte" passar. Será que o sangue do cordeiro está nos umbrais de nossos lares? Esqueça rituais macabros com sangue de animais! Estou falando da fé em Jesus Cristo, o filho de Deus. Ele foi o perfeito sacrífio que cumpriu toda a justiça de Deus. Ele que sofreu por mim e por você. Ele deu a Sua vida por nós. Ele levou sobre si as nossas dores e pecados, nos dando uma eterna redenção. E sabe mais? Em algum momento a nossa jornada terrena vai terminar. Mas é apenas o início de nossa libertação eterna. Da saída deste Egito e do jugo de Faraó. E estaremos andando em direção à nossa pátria celestial. Após a morte de Cristo, veio a ressurreição. Aleluia!!! ”...Não tenha medo, porque eu o remi; eu o chamei pelo seu nome; você é meu. Quando você passar pelas águas, eu estarei com você; quando
passar pelos rios, eles não o submergirão; quando passar pelo fogo, você não se queimará; as chamas não o atingirão. Porque eu sou o Senhor, seu Deus, o Santo de Israel,
o seu Salvador; dei o Egito em resgate por você..” (Isaías 43.1-3). E mais: "...E lhes enxugará dos olhos toda lágrima. E já não existirá mais morte, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram..." (Apocalipse 21.4). Encha-se de esperança. Esta Páscoa pode parecer meio amarga, mas nosso futuro será triunfante em Cristo Jesus!
Rio de Janeiro, 11 de Abril de 2020
Ronaldo Lucena
Bacharel em Teologia e Ministro do Evangelho
Obs: Confira na íntegra o Artigo "Quando o fim da Alegria é tristeza", publicado no Portal COMUNICA AM em 21.02.2020 (https://comunicaam.com.br/noticia/16521/quando-o-fim-da-alegria-e-tristeza.html).
Foto: Imagem de Raheel Shakeel por Pixabay
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